as horas

sábado, janeiro 15, 2005

Querido,

Foi muito difícil pra mim retomar essa nossa correspondência, nem mesmo posso saber se este caso não se constitui apenas em excessão.
Receio também não trazer nenhuma novidade, espero que não se aborreça demais por isso.
Hoje em dia a fluidez das relações cotidianas me atrai mais que as confissões de alma.
É pela sua presença, e não pela sua memória, que escrevo esta carta.
Me diga, como se olha pra fora?
Estou emaranhada nas profundezas de um desempenho indigesto frente a vida.
Tenho achado tudo muito difícil.
Fico metaforizando, a poesia e a psicologia dos meus olhos que enxergam mal.
Num esforço, pela janela do ônibus, vejo:
. uma placa de rua azul
. os fundos de uma igreja
. um carrinho de coco quase gelado
. um ônibus bem amarelo muito bonito
. um sol generoso e ofuscante... essa cegueira branca me traga pra dentro de novo: um novelo de sentimentos atravessado no plexo comprimem, constantemente, o meu estômago e coração.